1. PREVISÃO DE CUSTOS OPERACIONAIS NO TRANSPORTE DE CARGAS
1.1 O Segredo da Boa Decisão
“Um sistema eficaz de orçamento e de controle de custos permite a tomada de melhores decisões”.
O que se entende por orçamento?
É o documento através do qual são realizadas as previsões de receitas e despesas, referentes a um serviço ou conjunto de atividades que ocorrerão em um determinado período de tempo. Tal documento é indispensável para que a empresa possa obter o máximo rendimento dos recursos empregados e o equilíbrio de suas finanças. Através dele, a administração fixa e define as metas a atingir. Convém ressaltar que o orçamento de uma empresa depende do orçamento de cada serviço a ser realizado e, no caso dos transportes, é imprescindível que se faça uma boa previ são dos custos de operação dos veículos.
E quanto ao controle de custos?
A administração precisa sempre avaliar os impactos de suas decisões sobre os custos. O gerente eficaz, por sua vez, deve ter um bom conhecimento acerca dos mesmos, de modo a poder converter essas informações em subsídios que propici em decisões acertadas. A figura apresentada a seguir ilustra tal sistema de tomada de decisões.
1.2 Classificação dos Custos
A análise econômica costuma fazer a distinção, apresentada a seguir, entre os custos de produção.
1.2.1 Tipos de Custos
Em nível macro, os custos operacionais dos veículos rodoviários podem ser classificados da forma como se segue.
Custos Diretos
Correspondem aos custos fixos mais os variáveis.
— Custos Fixos: Englobam o conjunto de gastos, cujo valor, dentro de limites razoáveis de produção, não varia em função do nível de atividade da em presa ou grau de utilização do equipamento.
— Custos Variáveis: São proporcionais à utilização.
Custos Indiretos ou Administrativos
São os custos necessários para manter o sistema de transporte da empresa.
1.2.2 Componentes dos Custos
Colocando em prática os conceitos acima descritos, são apresentados os seguintes componentes para tais custos:
Custos Fixos
— Depreciação: corresponde à redução de valor que o veículo vai sofrendo com o decorrer do tempo.
— Remuneração do capital: qualquer investimento que se faça pressupõe um retorno ou remuneração do capital aplicado. É isso que o empresário espera ao investir em uma empresa de transportes. Portanto, a cada serviço que ela presta, a mesma tem que embutir em seus custos a remuneração do capital aplicado pelo investidor.
— Salário da tripulação: corresponde ao pagamento de motoristas, cobradores, ajudantes etc. e respectivos encargos sociais.
— Licenciamento.
— Seguros.
Custos Variáveis
— Combustível.
— Óleo lubrificante do motor.
— Óleo lubrificante da transmissão.
— Lavagem e lubrificação.
— Material rodante: corresponde a pneus, câmaras, recapagens e protetores.
— Peças, acessórios e material de oficina.
— Mão-de-obra para manutenção dos veículos.
• Custos Indiretos ou Administrativos
— Pessoal de armazéns, escritórios e respectivos encargos sociais.
— Impressos.
— Publicidade.
— Aluguéis de armazéns e escritórios.
— Comunicações.
— Impostos e taxas legais.
— Construção, conservação e limpeza.
— Viagens e estadas.
— Despesas financeiras.
— Despesas diversas.
1.2.3 Considerações Metodológicas
Esta classificação de custos pode ser feita de maneira diferente, conforme a aplicação a ser realizada. Por exemplo, no caso do cálculo de tarifas de ônibus urbano, segundo a metodologia desenvolvida pelo Geipot, os custos administrativos estão incluídos nos custos fixos, conforme descrito a seguir:
Custos Variáveis
— Combustível.
— Lubrificantes.
— Rodagem.
— Peças e acessórios.
Custos Fixos
— Custo de Capital:
— Depreciação.
— Remuneração.
— Despesas com Pessoal.
— Despesas Administrativas.
1.3 Fatores que Influenciam nos Custos
O administrador deve sempre estar atento ao fato de que muitos fatores deter minam variações substanciais nos custos ou na sua composição. Dentre eles, podem-se citar:
— Quilometragem Desenvolvida: O custo por quilômetro diminui quanto mais o veículo rodar, pois o custo fixo é dividido pela quilometragem. Há, contudo, que se observar o uso da velocidade econômica de operação do veículo, pois o aumento da velocidade pode influenciar no consumo de combustível, de pneus e de manutenção, tirando a vantagem obtida com a nova quilometragem.
— Tipo de Tráfego: É sabido que na cidade o veículo gasta mais combustível por quilômetro rodado e tem um desgaste maior do que em áreas não urbanas.
— Tipo de Via: O custo varia também em função do tipo de estrada por onde o ônibus ou o caminhão trafegar. Isto engloba superfície de rolamento, condição de conservação, topografia, sinuosidade etc.
— Região: Conforme o lugar onde a transportadora atua, os salários, impostos, preços de combustível etc. podem ser diferentes.
— Porte do Veículo: Um fator de redução do custo por tonelada/quilômetro ou passageiro/quilômetro transportado é a maior capacidade do veículo, desde que bem aproveitada.
— Desequilíbrio nos Fluxos: Outro fator de variação nos custos é o desequilíbrio nos fluxos. No caso do transporte de passageiros, eles costumam ser pendulares (quem vai volta), o que geralmente não ocorre para as cargas.
Essa medida também deve ser avaliada com atenção, uma vez que o tráfego de veículos vazios reduz os custos em alguns aspectos, mas aumenta em outros. Como exemplo, podem-se citar a redução do custo de combustível e o aumento de carroçarias que quebram quando trafegam vazias. Além disso, numa avaliação global, tal desequilíbrio, por provocar muitos retornos vazios, reduzirá a produtividade dos veículos. Daí a necessidade de se adicionar um percentual para quantificar o aumento do custo de retorno.
1.4 Métodos de Cálculo de Custos Operacionais
Uma vez constatada a vital importância do conhecimento dos custos operacionais, aborda-se adiante, a questão de como calculá-los. Tanto a literatura quanto a prática dispõem de diversos métodos, dos quais os principais são abordados a seguir.
1.4.1 Método dos Custos Médios Desagregados
É amplamente utilizado pelas empresas e também divulgado através de revistas especializadas no setor de transportes. Oferece estimativas bastante razoáveis de custo operacional de veículos rodoviários. Essas estimativas têm como base a apropriação de cada componente desse custo.
O método está baseado em parâmetros médios de consumo. Não é sensível, portanto, a variações específicas de velocidades e carregamento dos veículos e nem das condições físicas e de tráfego das rodovias, ou seja, é calculado levando se em conta as condições médias de tráfego, rodagem, carregamento e velocidade.
Apesar de tais limitações, ele tem diversos méritos, destacando-se a praticidade e o cálculo desagregado por componente de custo (depreciação, combustíveis, pneus, salários, manutenção etc.). Possibilita ainda que cada empresa possa inserir, junto ao mesmo, parâmetros referentes a cada tipo, modelo ou categoria de veículo (de acordo com o nível de precisão com que ela deseje trabalhar) e requer informações sobre preços unitários e parâmetros de consumo por parte dos veículos.
Dado que a empresa pode alimentar o sistema de cálculo com parâmetros observados em sua frota, o método permite, diferentemente dos demais, que sejam calculados custos também nas vias urbanas, onde há particularidades, tais como: tipo de calçamento, fluxos interrompidos etc.